A festa coral que se espalhou por Pernambuco no início da noite deste domingo começou a ser desenhada com a estratégia desenvolvida por Zé Teodoro durante a semana. Não apenas porque o time saiu de campo com a vitória e o bicampeonato. Mas porque o técnico foi buscar algo de novo, algo que pudesse quebrar o esquema de forte marcação apresentado pelo Sport na primeira partida.
A estratégia foi ousada, corajosa. E muito bem teatralizada, com o anúncio de uma equipe e a entrada em campo de outra. A aposta em aproveitar as brechas pelos lados da defesa do Leão, caminho usado pelo Paysandu, por exemplo, deu certo no lance do primeiro gol. Branquinho entrou livre na cara de Magrão para abrir o placar.
O risco de abrir o time com três atacantes era o de ceder espaço no meio de campo. E o Sport soube ocupar o setor, tanto que no primeiro tempo criou mais oportunidades e teve mais posse de bola. Foi quando entrou em campo o fator ‘artilheiro’, ‘matador’. E a estrela de Dênis Marques brilhou para colocar o Santa na frente.
Na volta para o segundo tempo, o Sport deu a tônica do que seria os últimos minutos da decisão do campeonato. E neste início, faltou ao Leão exatamente o seu adversário estava contando: um goleador, alguém capaz de definir um jogo.
As mexidas de Teodoro, algumas por causa de contusão, foram extremamente felizes. Tanto para conter um pouco o ímpeto do rival como para chegar ao terceiro gol. Foi o que se refletiu no lance que Luciano Henrique ampliou o placar.
Os rubro-negros diminuíram e voltaram a partida de novo. Mas daquele momento em diante a partida, o título estadual ficaria a depender da capacidade do Leão marcar mais um na base do abafa e do Santa saber se defender melhor.
Com os três zagueiros na área, as jogadas aéreas foram espanadas para longe até a hora do último apito de Ricci.
Primeiro tempo
Com um minuto e meio de bola rolando, o Sport saiu rápido num contra-ataque e Diogo Oliveira lançou para Jheimy no meio da zaga do Santa. Ele dominou na cara de Tiago Cardoso, mas bateu por cima do travessão.
A resposta tricolor foi imediata. Natan saiu rápido do seu campo, passou para Branquinho, que cruzou para Chicão do lado do campo. O volante bateu forte e Magrão evitou o gol do Santa.
Aos dez minutos, a bola parada do Sport quase era responsável por mais um gol do Leão sobre os tricolores. Marcelinho Paraíba cobrou falta da esquerda, Tiago Cardoso saiu muito mal do gol e a bola passou livre, mas o toque de Edcarlos foi para fora.
Na sequência do lá e cá, o Santa foi mais uma vez para o ataque. Caça Rato entrou em diagonal e enfiou lindo passe para Branquinho, que entrou na cara de Magrão e tocou entre as pernas do goleiro: 1×0, aos 13 minutos.
Na saída de bola, o Sport chegou ao empate. Em grande parte graças ao frangaço de Tiago Cardoso. Moacir cortou o marcador na entrada da área e bateu fraco. O goleiro coral aceitou. 1×1, aos 14.
Tiago minimizou a falha capital em dois chutes do Sport. Aos 18, com Jael, aos 21 com Rivaldo. O jogo seguiu em ritmo intenso, com os dois times buscando o gol. O Leão conseguia ser mais objetivo e levar mais perigo. Aos 32, Marcelinho bateu falta de longe, a bola quicou no gramado e quase enganou Tiago.
Se ia menos ao ataque, os tricolores mostraram melhor pontaria aos 39. Novamente Caça Rato iniciou a jogada e tocou para Dênis Marques próximo da meia lua. Com liberdade total, o camisa 9 dominou, ajeitou e disparou. A bola entrou no cantinho de Magrão, que falhou no lance. 2×1.
Segundo tempo
O Sport voltou para o segundo tempo com uma mudança. Jheimy saiu para a entrada de Marquinhos Gabriel. No Santa, nada de alteração.
O Leão foi para cima. Aos cinco minutos, Jael fez o pivô na entrada da área e rolou para Moacir que vinha chegando. O autor do primeiro gol rubro-negro acertou um chutaço. A bola explodiu no travessão de Tiago. Menos de dois minutos depois, Jael caiu nas costas de Memo e ficou livre, mas o chute foi por cima do gol.
Com a pressão do Sport, Zé Teodoro resolveu mexer no time. Tirou Branquinho para a entrada de Sandro Manoel, que foi para a lateral direita, voltando Memo para o meio de campo. Não demorou e Anderson Pedra se contundiu e deu o lugar a Leandro Souza.
O Santa Cruz foi amarrando o jogo e esfriando o Sport. Mas, aos 29, a Cobra Coral deu o bote. Leandro Souza deu um chutão para Luciano Henrique. Diogo Oliveira tentou cortar, a bola rebateu e sobrou para Luciano. O meia driblou Magrão e tocou para o gol aberto. A bola ainda triscou na trave e foi morrer na rede do Sport. 3×1.
Na sequência, Memo teve uma chance clara de fazer o quarto. Entrou na cara de Magrão, mas ao invés de chutar para o gol, tentou o toque para Chicão e a zaga cortou para escanteio.
Quando parecia que o Santa conduziria a partida deste jeito até o final, o Leão pôs emoção de volta ao jogo. Aos 35, Aílson arriscou da intermediária. Tiago Cardoso espalmou para o lado, Renatinho não acompanhou Edcarlos, que pegou o rebote e empurrou para o gol, diminuindo o placar. 3×2.
Foram mais 15 minutos (com os cinco de acréscimo) de matar o torcedor do coração. O Santa segurou a pressão do Sport até que Sandro Meira Ricci ergue o braço e deu o apito final da partida e inicial da festa dos tricolores.
Sport
Magrão; Bruno Aguiar (Montoya, depois Ruan), Edcarlos e Aílson; Moacir, Hamilton, Diogo Oliveira, Marcelinho Paraíba e Rivaldo; Jheimy (Marquinhos Gabriel) e Jael. Técnico:Mazola Júnior.
Santa Cruz
Tiago Cardoso; Memo, Vágner, William e Renatinho; Anderson Pedra (Leandro Souza), Chicão e Natan (Luciano Henrique); Branquinho (Sandro Manoel), Dênis Marques e Caça Rato. Técnico: Zé Teodoro.
Local: Ilha do Retiro
Árbitro: Sandro Meira Ricci
Assistentes: Clóvis Amaral e Pedro Wanderley
Cartão amarelo: Marcelinho Paraíba, Motoya (S); Chicão, Memo, Natan (SC)
Gol: Moacir, Edcarlos (S); Branquinho, Dênis Marques e Luciano Henrique (SC)
Renda: R$ 556.635,00
Público: 31.998
Fonte: Blog de Primeira/FolhaPE.
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