Defenestrado e humilhado
A forma autoritária como o prefeito do Recife, João da Costa, foi rifado, ontem, pela executiva nacional do seu partido, não tem precedentes. Nunca na história um governante chegou a tal ponto de humilhação. João não teve sequer o direito de ver o pedido de homologação da sua candidatura sendo colocado em votação, como ficou acertado.
Dez minutos antes, foi chamado pelo presidente do partido, Rui Falcão, para receber a sentença de morte: a intervenção na executiva municipal e em seu lugar o nome de Humberto Costa para disputar a Prefeitura.
Sem saída, usou apenas 10 minutos do início da reunião para comunicar que não aceitaria as regras do jogo e abandonou o recinto. Numa reunião anterior, as tendências CNB e Articulação de Esquerda, que articularam a derrocada do prefeito, minaram as chances de João da Costa.
Mesmo se a pauta inicial – a homologação da sua candidatura – viesse a ser posta em votação, ele seria esmagado. Dos 16 integrantes da executiva nacional presentes ao encontro, 14 estariam dispostos a derrotar o prefeito, que só teria dois votos.
Diante disso tudo, só resta a João da Costa deixar o PT e buscar um candidato para apoiar. Se quiser continuar peitando o seu partido.
O DEDO DE DIRCEU- Ninguém havia entendido a presença entusiasmada na reunião do PT ontem em São Paulo do ex-ministro José Dirceu. Integrante da corrente CNB e membro do Diretório Nacional, Dirceu passou o dia de ontem, na verdade, articulando a candidatura do senador Humberto Costa. Chegou a garantir que, no caso de João da Costa recorrer ao diretório nacional para derrubar a decisão da executiva, levaria o DN a derrotá-lo.
A vingança de Marta -
A senadora Marta Suplicy chegou a dar uma mãozinha ao prefeito João da Costa, ontem, em São Paulo, prometendo reverter votos contra ele na executiva nacional. Tudo, vale a ressalva, para se vingar do ex-presidente Lula, que impôs em São Paulo a candidatura do ex-ministro Fernando Haddad, quando ela lidera todas as pesquisas.
No meio da escuridão - João da Costa chegou tão atordoado em São Paulo com as notícias de que seria degolado pela executiva nacional do PT que se esqueceu de locar um carro para se deslocar na cidade. Resultado: ao sair da sede petista, numa rua esquisita e sem movimento, teve que andar na chuva e na escuridão a procurar de um taxi. E não foi fácil encontrar uma condução.
Razão da cautela - O prefeito João da Costa sabe que perde em qualquer instância do PT se recorrer à decisão da executiva nacional. Por isso, a cautela, ontem, ao afirmar que não saberia qual rumo tomar para continuar enfrentando na justiça as forças que atropelaram o seu direito de disputar a reeleição. Ferro foi mais claro. Disse que, se depender dele, apelará a todas as instâncias.
Sem comentários -
O presidente estadual do PT, Pedro Eugênio, foi o último a chegar ao encontro da executiva nacional em São Paulo. Aterrissou na sede do partido exatamente às 20h30m sem saber o resultado da reunião, já de amplo conhecimento público. Disse que não estava sabendo de nada, porque estava a bordo, no voo de Brasília para a capital paulista. Ah, bom!
CURTAS
SEM INTERVENÇÃO– O coordenador da CNB, Francisco Rocha, o Rochinha, desafiou o prefeito João da Costa a manter a versão de que houve, na verdade, a decisão pela intervenção no diretório do Recife. “Não houve intervenção, mas uma decisão política, de afastar os dois candidatos – Rands e João – para escolher um terceiro nome”, afirmou.
COMUNICADO– Rochinha disse, ainda, que comunicou ao prefeito e ao deputado Maurício Rands, há 15 dias, a decisão do PT nacional de lançar mão de um terceiro nome para entrar na disputa. “Nós nos convencemos que tanto Rands quanto João se inviabilizaram”, afirmou. Rochinha é uma espécie de porta-voz de Lula.
PERGUNTAR NÃO OFENDE – A qual instância João da Costa vai recorrer hoje, depois que ouvir seus advogados?
Fonte: Blog do Magno Martins
Nenhum comentário:
Postar um comentário